4 de set. de 2012

Coleta seletiva é modelo, mas precisa melhorar em Porto Alegre

Modelo nacionalmente reconhecido por conta de seu pioneirismo e eficácia, a coleta seletiva de Porto Alegre ainda não consegue atingir todas as ruas da cidade, tem dificuldades em cumprir com pontualidade os horários de recolhimento e apresenta poucos projetos de incentivo à reciclagem por parte da população.

Com cerca de 800 pessoas trabalhando nas unidades de triagem conveniadas pelo DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana), que recebem R$ 610 mensais do governo municipal para a execução da coleta, o serviço é realizado duas vezes por semana.

Apesar dos investimentos, o sociólogo Paulo Delfino não contava com o serviço em sua rua até agosto deste ano. “Antes do dia 1º a coleta não existia aqui. Eu fiz reclamações e comecei a deixar claro que faria isso sempre. Agora a coleta ocorre normalmente duas vezes por semana”, relata o morador da rua São Leopoldo, no Bairro Vila Jardim. 

Carlos Vicente Gonçalves, diretor-geral em exercício do DMLU, explica o motivo pelo qual o caminhão de lixo não atinge com totalidade as ruas da capital. “Em alguns bairros não há como chegar em 100% das ruas. Existem locais que o acesso é difícil e que nem existe material de reciclagem”, justifica.

Galpões de triagem

Quem sofre com a ausência de lixo reciclável são os grupos que trabalham nos galpões e têm na comercializacão desses materiais sua principal fonte de renda.

Carlos Vicente vê o DMLU de “mãos atadas” para impedir que ocorram saques de resíduos nas lixeiras. “As pessoas expõem seus lixos, não podemos fazer nada. Existe uma concorrência para pegar o material. O que podemos fazer apenas é aconselharmos as pessoas a não darem lixo para os catadores”, enfatiza. 

Porto Alegre gera em média 120 toneladas de lixo seco diariamente e apenas 7% desse material é reciclado pela populacão. A ambientalista Arlinda Cézar, diretora administrativa da ONG Instituto Venturi, acredita que a conscientização na segregação do produto seco é a principal arma para uma coleta sustentável. “Consciência não é uma coisa que a gente acorda com ela. O investimento público nessa conscientização é zero. Os donos de casa não adquiriram uma consciência”, afirma Arlinda, que acrescenta: “Tem que fazer com que a população se pergunte: eu tenho que gerar esse resíduo? Em breve toda a população vai depender do lixo".




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