Manuscritos que circularam no Presídio Central mostram que táticas da facção paulista incluíam rifas de motos para tentar levantar fundos. Polícia diz que ação foi contida.
Foi em abril deste ano que policiais civis e integrantes do Ministério Público ouviram falar de “caderninhos” do PCC no sistema penitenciário gaúcho. A novidade não agradou.
— Só faltava essa, com todos os problemas que temos com as facções locais, uma organização profissional do banditismo se instalar por aqui...— desabafa um promotor de Justiça.
As autoridades deduziram que o aprofundamento da facção paulista nos presídios gaúchos era questão de tempo e resolveram agir. Com autorização de juízes da Vara de Execuções Criminais (VEC), foi feita há cerca de dois meses uma busca em celas do Presídio Central e encontrado material do PCC.
Dois documentos apreendidos chamam a atenção. Um deles é o já citado Estatuto do PCC ou 1533 (numeração que, em código, menciona a 15ª e a terceira letra do alfabeto, duas vezes: PCC). São 17 mandamentos, que presos ligados à facção copiam à mão e espalham nas celas dos Estados onde estão encarcerados. Alguns são banais, como “Lealdade acima de tudo ao Partido” e o conhecido “Paz, Justiça e Liberdade”. Além, é claro, do objetivo do PCC quando foi fundado: o Partido não admite que haja assalto, estupro e extorsão dentro do sistema.
Mas alguns trechos deixaram as autoridades gaúchas de cabelo em pé. É o caso do 17º mandamento, um longo trecho com slogans ao estilo revolucionário, em que está escrito textualmente:
— O importante é que ninguém nos deterá nessa luta, por que a semente do Comando se espalhou por todos os sistemas penitenciários do Estado e conseguimos nos estruturar também do lado de fora, com grandes sacrifícios e muitas perdas irreparáveis. Nos consolidamos a nível estadual e, a médio e longo prazo, nos consolidaremos a nível nacional. Em coligação com o Comando Vermelho, iremos revolucionar o país dentro das prisões e nosso braço armado será o terror dos poderosos, opressores e tiranos...
Que o PCC está implantado em outros Estados, nenhuma dúvida. Já foram rastreados carregamentos de drogas administrados pela facção desde Mato Grosso do Sul até o Rio de Janeiro. Em Santa Catarina, uma agente penitenciária foi assassinada há cerca de duas semanas e as suspeitas recaem sobre uma facção local ligada ao PCC.
Por via das dúvidas, o preso com o qual foram encontrados os documentos está separado dos grandes líderes de facção no Rio Grande do Sul. Foi colocado em cela partilhada com presos de outros Estados.
— Temos a certeza de que o PCC, apesar das tentativas, foi rechaçado dentro do próprio sistema, por aqui. Existem facções demais no Rio Grande do Sul e nenhuma delas se submeteu aos paulistas — diz um juiz.
Criminalidade no RS
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Fonte: Zero Hora
Imagem: Google
Edição: ALO
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