24 de jun. de 2011

Brasão Histórico datado do século XVI é retirado do mar em Florianópolis

Uma pedra histórica esculpida com o escudo das armas da Espanha foi retirada do mar, no Sul da Ilha, na tarde desta quinta-feira (23). Especialistas, que trabalham na exploração do sitio arqueológico há seis anos e acreditam que a peça faça parte de um dos naufrágios mais antigos encontrado em águas das Américas, provavelmente de 1583. Com aproximadamente 800 quilos, o objeto foi recebido com aplausos, quando chegou junto a embarcação, no Veleiros da Ilha, na Baía Sul da Capital.

Outras peças que ainda estão no fundo do mar, são agora o próximo alvo dos pesquisadores. Entre o tesouro arqueológico estão: armas reais, uma pedra triangular com inscrições em latim citando o rei Felipe II da Espanha, e um canhão de bronze que pode ser um dos mais antigos do mundo. Nos próximos meses a equipe deve concentrar esforços na retirada das peças.

As pesquisas arqueológicas subaquáticas no Sul da Ilha começaram em 2005, quando pesquisadores encontraram uma âncora de origem espanhola, provavelmente do século 16. “Isso nos motivou a realizar pesquisas, que tiveram um impulso maior, em 2008, com o apoio da Fapesc ( Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina)”, lembra o diretor do projeto Barra Sul, Gabriel Corrêa, responsável pela exploração.

“As informações que virão a partir do estudo destes artefatos vão nos mostrar uma história que pouca gente conhece”, avalia o historiador, Evandro de Souza. As pesquisadores exploram uma área de 400 quilômetros entre as praias de Naufragados, Ponta do Papagaio, Sonho e Pântano do Sul. Entre os séculos 15 e 16, a região era um ponto estratégico de abastecimento para navegadores. “As embarcações que naufragaram seguiam para o Estreito de Magalhães, no Chile (uma passagem navegável ao sul da América do Sul). Tinham um projeto audacioso para a construção de duas fortalezas”, conta Corrêa.
 
Inscrições na pedra encontrada em navio do século 16
Foto: Débora Klempous/ND
   

Destino da peça será avaliado

O capitão Claudio Lisboa, da Capitania dos Portos de Santa Catarina, explica que a pedra retirada está sob a responsabilidade da União e do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Depois do trabalho de restauração será feita uma avaliação do local em que a pedra deverá ficar para exposição. “Será feito o levantamento do valor histórico e depois será avaliada uma instituição que tenha condições de manter a peça”, ressalta. “Acredito que a peça deve ficar no Estado”, comenta o secretário executivo do Ministério da Cultura, Vitor Ortis.

Para a coordenadora de Arqueologia da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) “a descoberta vai começar a descrever a história de ocupação no Estado”. A universidade fará todo o trabalho de dessalinização e higienização da peça.

O diretor de operações de mergulho, Ney Mund Filho, avalia que a peça é somente “a ponta de um Iceberg. Ninguém fez a inserção na parte coberta, acreditamos que tem muito mais coisas lá”, disse. “Com esta peça facilita a comprovação dos naufrágios”, completa.

 Fonte: ND Online

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