12 de abr. de 2011

Comunidade unida consegue sensibilizar autoridades sobre Rio da Madre

Autoridades da Fatma, Polícia Ambiental e do legislativo visitaram o Rio da Madre e ouviram da comunidade suas reivindicações

A campanha SOS Rio da Madre, formada por moradores e defensores da Praia da Guarda do Embaú, em Palhoça, deu um passo importante na tarde desta terça-feira. O presidente da Fatma (Fundação do Meio Ambiente), Murilo Flores e o Coronel Rogério Rodrigues, da Polícia Ambiental, utilizaram barcos para conhecer os principais problemas do leito do rio na companhia dos pescadores. A principal reivindicação da comunidade da praia é a instalação de um sistema de esgoto e também políticas públicas para a eliminação dos resíduos tóxicos oriundos das plantações de arroz na cidade de Paulo Lopes.

Antes de iniciar o trajeto no leito do rio, a estudante de geografia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e moradora da praia da Guarda do Embaú, Jaqueline Maria Prudêncio, apresentou às autoridades um estudo iniciado no ano passado sobre as condições da bacia do Rio da Madre. “Estou muito preocupada com a situação do nosso rio. Se continuar dessa maneira, as próximas gerações não vão conhecer essas belezas naturais”, destaca a estudante.

Um dos trabalhos de urgência elencados pelo presidente da Fatma é a elaboração de uma agenda de soluções para o rio, entre elas a constituição de uma comissão para criar um plano de manejo do Parque do Tabuleiro. “Assim, a comunidade poderá decidir sobre o que deseja, ou não, para essa área”, observa. Quanto à questão dos rizicultores, o presidente sinaliza a necessidade de impor medidas compensatórias. “Também vamos averiguar denúncias de extratores de areia que ficam próximos à bacia e que provavelmente não cumprem com as exigências de suas licenças”, completa.

43 dias à espera do saneamento

No dia 26 de fevereiro, centenas de moradores uniram suas mãos em um abraço gigantesco para pedir vida ao Rio da Madre. Desde aquele sábado, a comunidade acompanha através de um contador, instalado em frente ao rio, todos os dias que passam até a inauguração do saneamento básico na praia da Guarda do Embaú. Na tarde de segunda-feira, a tabela marcava 43 dias. “Vamos acompanhar dia a dia para mostrar às autoridades o quanto essa população espera”, comunica um dos líderes do movimento SOS Rio da Madre, Marcos Aurélio Gungel.

Ao lado do contador, uma placa da Fatma também avisava que a água da praia continuava imprópria para banho, mesmo agora, que a temporada de verão tenha acabado. De acordo com o presidente da Fatma, Murilo Flores, existe uma licença pronta para a instalação de uma estação de tratamento de esgoto na praia da Pinheira. “Precisamos cobrar dos órgãos responsáveis o porquê essa estação não é construída”, denuncia.

Para aproveitar a vistoria ao rio, técnicos do laboratório QMC, com sede em Florianópolis, recolheu cinco amostras de água para avaliar qual a condição real do rio nas proximidades das plantações de arroz, na cidade de Paulo Lopes.

“Hoje vamos conseguir detectar apenas os resíduos sanitários. Para saber a proporção da poluição da rizicultura, teríamos que vir durante o período de plantação, que acontece entre os meses de novembro até março”, explica o gerente técnico do laboratório, Djan de Freitas. O resultado da coleta deve sair em 10 dias.

Principais causas da poluição do Rio da Madre

- erosão da mata ciliar

- pecuária predatória

- veneno que sai do plantio de tomate na bacia do Rio da Madre

- plantio de arroz (rizicultura)

- mineração e extração de areia

- turismo em massa

- falta de saneamento básico

Fonte: ND Online / Saraga Schiestl
Foto: Washington Fidélis/ND

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