1 de mar. de 2011

Mestre cervejeiro catarinense, que foi tema de documentário, morreu no domingo 27/02

Rupprecht Loeffler parou de vez o tempo. O cervejeiro mais antigo do Brasil e que resistia em produzir cerveja da mesma maneira que seus antepassados germânicos, morreu no último domingo, aos 93 anos, em Canoinhas, no Norte do Estado. Loeffler e sua Cervejaria Canoinhense foram tema do documentário catarinense “Cerveja Falada”, dirigido por Demétrio Panarotto, Guto Lima e Luiz Henrique Cudo, que estreou em 2010 nas telas e foi lançado em 17 de fevereiro em DVD.

A Exato Segundo Produções Artísticas, produtora do curta-metragem, emitiu uma nota de pesar: “É uma honra ter realizado esse trabalho de registro e resgate de parte das histórias desse fantástico personagem, que com certeza foi um homem de grande generosidade com uma extensa vida repleta de motivos para se orgulhar”.

Filho de imigrantes alemães, Loeffler estava à frente da Cervejaria Canoinhense, criada em 1908, e assumida pela sua família em 1915. Com todas as inovações que surgiram para acelerar o processo de produção, ele se mantinha fiel as técnicas e à fórmula da cerveja que o pai trouxe de Munique. Não usava conservantes e estabilizantes, cozinhava a cerveja em caldeira de lenha e “esticava” a bebida em tanques antes de ir para a fermentação, algo que consumia cerca de 20 dias de trabalho artesanal.

Sua bebida seguia a Lei de Pureza Alemã e sua cervejaria mantinha as características originais e atividades até os dias de hoje. “Foi a única cervejaria que não fechou nos anos 1950, 1960 e 1970. Ele resistiu a tudo, às novas técnicas, ao mercado, às grandes cervejarias e até a vigilância sanitária. A maneira que ele faz a cerveja, que o pai trouxe de Munique, já não deve existir mais lá e em nenhum lugar do mundo”, enfatizou Panarotto, em entrevista em 2010.

Perda ganha repercussão nacional

Loeffler estava internado desde a segunda-feira no Hospital Santa Cruz da cidade e morreu no último domingo por volta das 12h30. O velório ocorreu na Câmara de Vereadores de Canoinhas, onde o cervejeiro ganhou o título de cidadão honorário nos anos 1980. O enterro foi ontem, no Cemitério Municipal.

Sua morte repercutiu no blog B.O.B (Beers of/on/outsider Brazil), especializado em cerveja, de Roberto Fonseca, na versão on-line do “Estadão de S. Paulo”. “Daqui de São Paulo, vou tomar em alguns instantes a Nó de Pinho que tinha guardada desde o ano passado, quando a apresentei durante uma das palestras no Paladar do Brasil, sobre cervejas nacionais maturadas em barris de madeira. Ein Prosit, herr Loeffler!”.

Fonte e foto: ND Online

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